18 de jul. de 2010

Elektroschutz in 132 Bildern, By Herr Doktor Stefan Jellinek


Eis que a gloriosa piauí, reservou algumas de suas esquinas para reproduzir os magníficos templates (hoje, os chamaríamos de "infográficos") compilados pelo austríaco Herr Doktor Stefan Jellinek, num assombroso ano de 1931, sobre os riscos LETAIS que a novidade do século impunha aos seus contemporãneos.


A obra médico-tecno-didática, intitula-se "Eletrocução em 132 Imagens" (Elektroschutz in 132 Bildern) e tem um quê de Bauhaus Istáile, somado com Graffitti-Feito-Por-Algum-Designer-Moderno, mas seus autores são os também austríacos Josef Danilowatz, Franz Wacik, and Eduard Stella, os designers de então (e antanho...).


Aqui tem 30 destes templates, reproduzidos no Flickr, pelo irado Bre Pettits.O que me deixou feliz, é que no ano passado, eu estava garimpando esses infográficos fantásticos e, êi-los, re-impressos em discreto destaque, para deleite dos brasileiros e "piauenses".


( Aliás, já estou meio que craneando uma matriz com essas poderosíssimas citações gráficas, com algumas, diguemos assim, actualizaçõens...)


O interessante da extensa e meticulosíssima série gráfica, era a conscientização de uma etapa crucial da rápida (e recente) evolução humana, saindo de uma vida majoritariamente rural e entrando em definitivo para a existencia urbana, subentenda-se, MÁQUINAS e, especialmente, as ELÉTRICAS.


MUITO IMPORTANTE: Não esqueçamos jamais do contexto da esfuziante e abusada Década de 3O:

O estilo vigente, era ninguém menos que o Art Déco, que personificou como nunca a já acontecida Revolução Industrial, quase que enterrando o romantismo bucólico do período imediatamente anterior (Art Noveau, que muitos ainda se confundem com o Déco), uma época de vida urbana quase desenfreada, riquíssima e extremamente fértil, fosse na Arquitetura, no Desenho Industrial ou nas Artes Gráficas.


Toda uma Era (estilo e Zeit-Geist, inclusos), será bárbaramente sepultada com a eclosão da Guerra, onde o seu próximo e derradeiro conflito, a IIa. Guerra Mundial, já anda sendo considerada como um latente efeito colateral -e apavorantemente grandioso- da Primeira.


Outra curiosidade "urgente" dessa série de "advertências do invisível", é que as ilustrações, potentes e sintéticas como um mapa turístico, mostram, de bebês à garotas, de senhores aposentados em casa à motorneiros conduzindo bondes, de vacas rurais à ratos urbanizados, de telefonistas à mulheres núas em banheiras esmaltadas , incluindo um moleque mijando de cima de uma ponte, sobre os fíos de uma catenária ferroviária transportando 3.000 volts.



Todos os personagens, sem excessão, registrados alguns segundos, antes do advento de suas próprias mortes.

Sim, isso mesmo.


A série, não era uma invenção ou exagêro prá meter medo em incautos, mas sim, reprodução fiel da vida (no caso, da morte), baseada em estudos e compilações de ocorrências fatais reais, ainda "comuns", devido à novidade tecnológica, de resto, uma que havia chegado prá ficar prá sempre entre nós, os humanos e que o médico austríaco trabalhou com afinco em cima do tema e da "novidade", evitando mortes provavelmente seriais.

Brrrrr!!!!
Tirando a morbidez (pois ao contrário que muitos pensam, pessoas eletrocutadas podem ser perfeitamente ressucitadas), para nós, do hoje-me-dia, essa magnífica coleção de imagens paradidáticas, com a senha da fila da autópsia nas mãos, funciona agora como um poderosíssimo icone gráfico.

Um tipo de design das Artes Visuais, do qual não se vê mais e que anda fazendo muita, muuuita falta, nas já ultra-entulhadas urbes contemporâneas.

De minha parte, como dito acima, vou providenciar, sim, uns graffittis.

Ah, vou!