15 de fev. de 2010

SOBRE AS NUVENS
















  
A primeira foi com tenros 10 anos, talvez 11, não tenho tão boa
precisão nisso como nossas impressionantes mulheres e suas
desgraçadas habilidades imemoriais no quesito data passada,
infernizando nossas existências com essas macro estupendas
BOBAGENS uma vez quê nós, os homens, não sabemos, não
queremos, não vamos e... mesmo que queiramos, ardorosa e
apaixonadamente, entender. Sim, nascemos assim, prontos.

Mas a primeira vez a gente nunca esquece. Isto deve se dar
por causa de algum mecanismo milenar de nossas primatas
sobrevivências, aquele método que um cara descobriu sobre
nossos cérebros mais ou menos evoluídos interage com todo
o entôrno e como que processando dados sempre entrantes
faz prá funcionar tão bem, sem ferver, sem reboot, sem zicas.

É o tal ´a primeira impressão é a que fica´. Para o infortúnio e
muita comédia da maioria dos existentes, essa impressão é
quase indelével no ´´Outro´´ e não raro, ela não condiz com o
que voce de fato é ou, na pior das hipóteses, em se batendo
com o que de fato voce é, isso é irrelevante prá voce, prá ele,
prá quem te vê, pois se esse alguém puder te conhecer um dia
lá virá a frasezinha ´´Nossa, antes eu pensava de voce...´´ etc.

Minha primeira vez nisso deu-se à 10.000 pés de altitude (e
olha que desde então, eu estou BABANDO prá ter sim uma
chance de escrever isso, PQP, consegui, isso é uma delícia
e me causa um torpor de bliss, de bem estar, então, quero
repetir a frase que me faz tão bem e sempre quis utilizá-la:)

Minha primeira vez nisso deu-se à 10.000 pés de altitude (Ah!)
à bordo de um jato comercial de transporte de passageiros de
fabricação norte-americana, durante curto vôo da Ponte Aérea.

Eu gostava demais de embarcar em Congonhas ( que quando
moleque, adorava sacanear a palavra falando POMBONHAS
até por que tinha a palavra POMBO no meio, e eu ría a beça
com isso, Todo Jovem É Idiota, Paulo Francis, soube depois )
com destino ao a[erodromo de Santos Dumont, que achava
que tinha sido um lugar de atracação dos Dirígiveis Alemães.

Pela minha idade tão pouca, quiseram essas maravilhosas,
magníficas, soberbas e inteligentíssimas Companhias Aéreas
brasileiras decretar que meninos embarcando sozinhos como
eu, SIM SENHORES, sempre deveriam acomodar-se lá nos
fundos, num assento resevado AO LADO DA AEROMOÇA !!!

Não sei o que deve ser a sensação de se ganhar na MegaSena,
o que aprendi é quê, dos que ganharam a euforía passa e iniciam
os problemas, pois dinheiro nasceu como, ainda é e para todo o
sempre vai ser uma FERRAMENTA, mas eu trocaria ganhar na
loteria por aquelas sensações minhas, indivisíveis, intransferíveis.

Não, não!!! Não experimentei à 10.000 pés de altitude uma bela,
brilhante e estupefaciente ereção, por causa daquela aeromoça
linda de doer meu peito, pois nessa altitude da minha existência,
o que minha tia Walquíria chamava de ´´Bilim´´ parecia algo meio
como um micro-amendoim e creio que tinha dúvidas se a verruga
sairia do estado engraçado de dormência naquele dedinho micro.

À 10.000 pés de altitude, eu me inclinei da poltrona, abandonando
a atmosfera embriagante daquela comissária mulher tão sorridente
e destinda à viajar sentada bem ao meu lado, prá me concentrar
numa das cenas mais magníficas que eu jamais veria novamente,
ao menos, não daquela forma, não naquele formato, não na cor.

Abaixo da aeronave que roncava suave, mas com gerava uma
espécie de um sub-som surdo e grave, o One-Ekeven produzia
um contorno suave que corria sobre um edredon de nuvens, no
projetar de sua propria sombra do sol fraco rumando à oeste.

O que me arrebatou, nem foi a sombra em sí mas a oportunidade
de comparação daquele insignificante penumbra, num rasante
rápido, a gente podia sentir enfim a passagem da aeronave no
espaço aéreo, pois sem nuvens voce não tem referencial e fica
naquele tapete voador vibrante com um ronco surdo servindo de
potente ruído de fundo, voar que é bom com velocidade, nada.

Não, não era a sombra alada em sí. O que me apunhalou de fato
a existência, como se a cena me pagasse pela cabeça e me
enfiasse janela fora foi algo simples que, talvez por isso mesmo,
passe desapercebido por todos os embarcantes, sempre tão
sisudos, já velhos em suas existências, ainda que jovens fossem.

O que me extasiou... foi o imenso edredon de nuvens levemente
azuis e rosadas ao mesmo tempo, talvez cinzas mas também me
pareciam brancas... um gás suave ondulado, visivelmente solto,
vapor d´água intangível mas visível, estranhamente compactado.

















Minha preciosa e agora intangível camera fotográfica Kodak 54-X
Instamatic que usava Cartridges C-126 Ektachrome ( não sei o
por que, só fotograva em slides, mesmo sem projetor em casa )
jazía no bagageiro onde um trator gozado imitando um trenzinho
de vários vagões engatados fizera chegar à aeronave no pátio
cerca de uns trinta minutos antes, quando ainda presos ao chão.

A Aeromoça comentou algo, sorri pra ela mas me deu vontade
de xingá-la dizendo-lhe IDIOTA, CADÊ MINHA CAMERA, QUE
UTILIDADE TEM VOCE AQUI SORRINDO PRA MIM E MINHA
CAMERA DENTRO DESSA MERDA E EU NÃO POSSO NEM...


Não. Não tinha idade pra pensar isso. Mas deve ter sido quase.

A segunda vez, foi num vôo São Paulo - Campo Grande, não
me lembro o equipamento, deve ter sido um outro Boeing, o
Brasil era coalhado de Boeings àquela época de VASP, da
TRANSBRASIL e da VARIG e novamente nesse vôo que
o repeti às dezenas...


Mas daí, isso já é outra historia.

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Capriche. Não curto Anônimos, mas costumo perdoar os Covardes. (Às vezes, me sinto covarde, então...)