15 de mar. de 2007

: : OUTDOOR: FIM DA BAGUNÇA?


Enfim, o fim da bagunça na grande cidade e, a maior surpresa
no apagar das luzes de 2006, é que o exemplo veio de onde
menos se esperava, dada a tendencia, os lobbies, os empregos,
os interesses e o tamanho descomunal da encrenca: São Paulo,
a hoje quarta maior mega-cidade do planeta, numa canetada,
extinguiu quase a totalidade de suas incontáveis placas, plaquetas,
painéis, faixas, banners, tótens, estacas publicitárias e out-doors
de todos os tipos, formatos, tipos, espessuras, escalas e tamanhos.

O curioso e paradoxal disto tudo, é que quem provocou a queda
retumbante, foram os próprios empresários de espaços mídia, que
ao longo das décadas, foram dando tiros no pé, desviando ou fingindo
não ver o imenso estrago que perpretavam 24 horas por dia, 7 dias
por semana, 30 dias por mes, 365 dias por ano, sem controle algum,
na já judiada paisagem urbana, como se defecando como esses cães-
sem-dono-ou-com-dono, indiscriminadamente nos cenários do cotidiano
que pertencem à todos os seus quase 20 milhões de habitantes, em
benefício -como costuma acontcer- de algumas dezenas ´´deles´´.

Os resultados já se fizeram sentir: O sindicato patronal dos donos
de mídias fixas foram golpeados com uma redução de mais de 90%
do número de seus anunciantes, originado pelas próprias agências
de publicidade, que não querem seus clientes vistos na ilegalidade.

Mas não foi bem só numa canetada, pois a briga é ´´treta velha´´,
já que os arquitetos tem lutado, apontado e se incomodado com
o absurdo desde os anos 70, movimento urbanístico que começou
com profissionais, estudantes, professores e entidades de arquitetura,
os reais comprometidos com as paisagens urbanas, por fato e direito.

Cabendo num fusca, aqueles solitários idealistas eram sempre
ridicularizados pelos empresários de placas e de out-doors, pois
estes esfregavam na cara dos arquitetos os números ( pífios )
de empregados ( desqualificados...) e os impostos ( obrigação
básica, diga-se de passagem...) recolhidos, como se tráfego de
drogas não fosse uma forma de, digamos assim, emprego, ainda
que ilegal, indesejável, indecoroso e indigno. Defender emprego
por emprego, não só é perigoso, como se trata de mentalidade
muito infantilizada, típico de raciocínios lineares e simplistas (
tão caro aos nosso políticos da atualidade ) num mundo sempre
e cada vez mais tridimensional, em mutação contínua e complexo.

Os arquitetos não são inimigos naturais das placas urbanas, muito
pelo contrário: São ícones ancestrais, apenas remodelados, mas
o que aconteceu em São Paulo ao longo das décadas e já está
acontecendo em Ribeirão Preto e, nós, aqui em Londrina, estamos
na mesmíssima trilha inútil, a qual nos levará a lugar algum:

Desequilíbrio.

Arquitetos apenas enxergam o óbvio ( poluição de poucos, afetando
muitos, beneficiando menos ainda
) e alertam para a destruição
progressiva, lenta e imperceptível para a grande maioria, do
habitat mais importante prá nós, humanos, depois das florestas
intactas: o nosso próprio, palco insubstituível ( exceto nas férias? )
de nossas vidas, estudos, paixões, trabalho, ócio, angústias, medos,
lazer, descanso, moradia, passagem, visita, fotografias, passeios,
prosperidade, ruinas, divertimentos, lembranças tristezas, alegrias,
sustos, mortes, enterros, nascimentos, surpresas, satisfações e sua
peculiar arquitetura que a compõe como uma partitura, discriminando-a
das demais comunidades e nos identificando, como nossas impressões
digitais na ponta de nossos dedos nos diferenciam, igualando-nos.

Enfim, os arquitetos, acima dos interesses privados, pessoais, da moda,
políticos ou dos interesses de fundo econômico,
defendem a vida urbana
contemporanea que tanto amamos e a desejamos como sendo o estilo
de vida ideal, até alguém nos provar em contrário ou se mudar daqui ou dali.

Parte do problema nessa equação fatal e já comprovadamente nociva,
é que a cada placa implantada, a prefeitura leva a sua comissão pelo
usufruto do cenário público por empreendimento particular, e, pelo visto,
essa fonte está demorando em secar e, como costumo dizer que:

´´Londrina, sua capital é São Paulo´´, quem sabe sigamos o bom
exemplo vindo da nossa, digamos assim, ´´matriz corpotrativa´´....

Uma comunidade que vê mais valor numa placa ou fachada de loja,
do que uma árvore, está completamente do avesso e requer orientação
e informação, para o bem das gerações que nos sucederem, pois,
se amamos a Londrina atual, é por que os que nos antecederam após
os pioneiros, traçaram seu belo DNA na origem, cabendo a nós a
perpetuação desses belos cenários.

C-SC
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Capriche. Não curto Anônimos, mas costumo perdoar os Covardes. (Às vezes, me sinto covarde, então...)